De acordo com um estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Instituto Socioambiental (ISA), divulgado nesta quinta-feira (4/4), foi constatado que 94% dos indígenas das nove comunidades da Terra Yanomami estão contaminados com mercúrio. Isso é resultado direto da presença do garimpo ilegal em seus territórios, conforme indicado pelas amostras de cabelo analisadas, que mostraram níveis de mercúrio em todas as faixas etárias, desde crianças até idosos.

Dos 287 indivíduos analisados, 84% apresentaram níveis de contaminação por mercúrio acima de 2 g/g (micrograma), enquanto outros 10,8% ultrapassaram os 6 g/g. É importante notar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece um limite de um micrograma por grama como seguro para níveis de mercúrio em cabelo.

Além disso, o estudo também correlacionou os níveis mais elevados de mercúrio com déficits cognitivos e polineuropatia periférica entre os indígenas. Entre as crianças com até 11 anos de idade, mais de 1/4 estavam anêmicas, enquanto quase metade delas apresentava déficits de peso para a idade (desnutrição aguda) e cerca de 80% exibiam déficits de estatura para a idade (desnutrição crônica).

Esses resultados evidenciam não apenas a contaminação grave dos indígenas Yanomami por mercúrio, mas também os impactos devastadores que essa contaminação tem em sua saúde e bem-estar, especialmente entre as crianças. Medidas urgentes são necessárias para proteger essas comunidades vulneráveis e preservar seus territórios e modos de vida.