Grávida, uma mulher inglesa foi orientada pela equipe médica a fazer um aborto após o bebê ser diagnosticado com um tipo de nanismo fatal, a displasia tanatofórica. Após o procedimento, porém, ela descobriu que a filha não tinha a doença.
O caso aconteceu em 2020 com Kay Young, à época com 26 anos. Ela foi atendida no Blackpool Victoria Hospital, em uma cidade próxima à Liverpool, no Norte do Reino Unido.
Após exames de ultrassom confirmados em dois hospitais mostrarem que o feto tinha a doença, os médicos aconselharam Kay a interromper a gestação de sua filha Kaira. Ao observar o formato dos ossos dos braços e das coxas da bebê, os médicos acreditaram que a pequena tivesse o tipo fatal de nanismo. Eles só descobriram que enganaram após o procedimento.
O que é a doença?
A displasia tanatofórica é uma condição considerada incompatível com a vida, ocorrendo em média com um a cada 30 mil bebês. Nela, os ossos não se formam corretamente e comprimem os órgãos do corpo.
Segundo o Instituto Nacional de Nanismo, embora a literatura médica preveja que a condição é incompatível com a vida, há casos de bebês que chegam aos dois anos de idade, ainda que não sem dificuldades.
A decisão pelo aborto
Como as chances de morte pela doença ainda no útero ou nas primeiras 48 horas após o nascimento são altas, a mãe acreditou que o aborto pouparia a criança de sofrimento. “A nossa cliente tomou a decisão devastadora de abortar a sua filha seguindo conselhos médicos de que o seu bebê tinha uma condição fatal”, afirma a advogada Diane Rostron, que negociou as indenizações a Kay.
Ela tomou um remédio que induziu a morte do feto, então com 20 semanas, e ainda o manteve em seu ventre três dias antes que fosse feito o parto.
Erro médico revelado
Após o procedimento, um exame genético de autópsia revelou que Keira não tinha a doença diagnosticada. Para Diane, foi um “erro gritante” o hospital não ter considerado outras condições ou avaliado, por exemplo, que os outros filhos de Kay são menores do que o que é previsto para suas idades, mas absolutamente saudáveis.
O erro médico abalou a vida de Kay e de seu parceiro. O casal se mudou da região e teve uma outra filha, três anos depois. A família busca manter viva a memória de Kaira, especialmente no quinto aniversário de sua morte, em 19 de fevereiro.
O erro levou a um acordo judicial de cinco dígitos, embora o hospital negue responsabilidade. Segundo a advogada, Kay espera que o caso incentive os pais a terem maior cautela em diagnósticos pré-natais.
O Hospital Saint Mary, onde os exames foram analisados, expressou condolências e afirmou que lições foram aprendidas. “Refletimos sobre todos os aspectos do atendimento e esperamos que o acordo ajude a família a seguir em frente”, disse um porta-voz ao Daily Mail.
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