Novo presidente nacional do PT, o senador Humberto Costa (PE) aponta um “problema de origem” na distribuição de ministérios ao Centrão no início do 3º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao Metrópoles, o dirigente partidário avaliou foram dadas muitas pastas a esse grupo de partidos políticos, sem o devido compromisso de apoio no Congresso ou alianças para a eleição de 2026, e defendeu mudança.
Atualmente, partidos como União Brasil e PP estimulam abertamente candidaturas contra Lula em 2026. A primeira sigla ocupa três ministérios da Esplanada, mas trabalha com a pré-candidatura do governador Ronaldo Caiado (GO) e do cantor Gusttavo Lima à Presidência. Já no caso do Progressistas, a legenda quer apoiar Jair Bolsonaro caso ele reverta a inelegibilidade, ou até mesmo um dos filhos do ex-presidente.
“Houve a entrega de muitos espaços importantes sem o compromisso da contrapartida. Certamente, o governo poderá fazer outras mudanças, alguns desses partidos podem adquirir espaços. Mas a ação da ministra Gleisi é para que qualquer mudança que fortaleça essas siglas precisa ter a contrapartida de apoio majoritário das bancadas em matérias importantes no Congresso. Vamos poder corrigir o que foi um erro de origem”, afirmou.
Entre os partidos do Centrão cotados para receber mais ministérios, estão o Republicanos do presidente da Câmara, Hugo Motta, e também o PSD de Gilberto Kassab. Na avaliação do Planalto, são siglas que se mantiveram fiéis ao compromisso com Lula e podem ser convencidas a apoiá-lo no projeto de reeleição em 2026.
Sem citar as legendas, Humberto afirmou: “Não tenho dúvida que [Gleisi] vai impactar fortemente na base de sustentação no Congresso quanto nas alianças eleitorais de 2026. A própria ministra afirmou que está no radar a criação de uma ampla aliança para 2026”.
PT quer manter espaços
Humberto Costa assumiu a presidência do PT para um “mandato tampão”, após a presidente Gleisi Hoffmann se tornar ministra de Relações Institucionais num contexto de reforma ministerial. Ele fica no cargo até julho, e terá a tarefa de mediar a negociação pela manutenção de espaços do partido na reforma ministerial.
O novo presidente do PT afirmou que a mudança na articulação política foi entendida como necessária dentro do partido, mas que a nomeação de Gleisi na SRI deve sanar o problema. Dessa forma, o dirigente defende a manutenção dos três líderes do governo Lula no Legislativo, que são do PT: José Guimarães (Câmara), Jaques Wagner (Senado) e Randolfe Rodrigues (Congresso).
“Acho que esses três parlamentares que representam o governo fizeram bem suas tarefas, conseguiram aprovar uma parcela significativa das propostas, principalmente econômica, que foram enviadas ao Congresso. O presidente pode até desejar fazer uma mudança para contemplar outras forças, mas o trabalho feito foi bom e, se continuar, dará muitos frutos ao governo”, comentou Humberto.
