A um mês do Natal, o varejo brasileiro se prepara para uma temporada de vendas que deve ser ligeiramente superior à registrada no ano passado, segundo especialistas do setor. A expectativa é de um crescimento em torno de 1,3%, impulsionado por consumidores que já demonstram comportamento ativo na Black Friday, que funciona como termômetro para a temporada natalina.
Além do volume de vendas, os preços e condições de pagamento devem ser determinantes. Com os custos elevados, impostos e juros bancários em foco, os varejistas precisam equilibrar descontos, lucratividade e competitividade para conquistar consumidores.
“Uma das coisas que os varejistas vão precisar ter é estar bem preparados para negociar e bem preparados em seus cálculos para conseguir oferecer produtos a um preço mais barato que pague os custos, os impostos e gere lucro,” explicou o professor de varejo da Strong Business School, Ulysses Reis.
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O atual cenário econômico deve influenciar as escolhas do consumidor, avaliou ele. Embora exista uma expectativa de crescimento, fatores como renda, mercado de trabalho, inflação e inadimplência podem limitar compras de maior valor. Para o varejo, a missão será encontrar o equilíbrio entre preços competitivos e margem de lucro.
“O preço vai influenciar muito as condições de pagamento também, porque estamos vivendo um período de desafios econômicos. Os varejistas precisam estar bem preparados”, disse.
No comércio eletrônico, espera-se que as vendas continuem crescendo, refletindo a consolidação do varejo digital e a maior familiaridade do consumidor com plataformas on-line.
Segundo o professor, a concorrência internacional e a facilidade de compra em marketplaces devem ampliar a oferta, exigindo atenção das lojas nacionais para fidelizar clientes, no entanto, é preciso que os consumidores estejam atentos para os prazos de entregas, taxas e impostos cobrados na importação.
Tendências de consumo
O professor explicou que a proximidade da Black Friday influencia o comportamento de compra, funcionando como um termômetro para o varejo natalino.
Estudos apontam que sete em cada dez consumidores que compram na Black Friday também adquirem produtos para o Natal. Enquanto a data atrai principalmente compras de oportunidade e auto presentes, as vendas de Natal têm foco em presentear familiares e amigos, mantendo o ritmo de consumo aquecido.
Essa antecipação permite ao varejo ajustar estoques, planejar promoções e entender melhor a demanda do consumidor, criando um ciclo positivo de vendas entre novembro e dezembro.
Para ele, entre as tendências que devem dominar as compras de Natal em 2025, moda e acessórios continuam sendo protagonistas.
A tecnologia e os eletrônicos permanecem em alta, especialmente dispositivos inteligentes e acessórios que complementam o uso de smartphones e outros aparelhos. Relógios inteligentes, fones de ouvido sem fio, wearables e gadgets domésticos conectados estão entre os produtos mais procurados.
Segundo o especialista, essa demanda reflete a rotina cada vez mais digital do consumidor, que busca praticidade, conectividade e inovação.
Outro ponto que se destaca é o aumento das compras em supermercados, impulsionado pela conveniência, preço competitivo e variedade de produtos natalinos. Alimentos e bebidas voltados para a ceia, como panetones, pães para rabanada, perus, queijos especiais, vinhos e espumantes, estão entre os mais procurados.
Custo-benefício
Os supermercados conseguem oferecer preços muitas vezes mais baixos do que lojas especializadas ou plataformas de e-commerce, o que atrai consumidores que buscam custo-benefício sem abrir mão da qualidade.
“Uma tendência que claramente vai se destacar é o aumento de compras nos supermercados, mas também vemos tecnologia, moda, decoração e alimentação como pilares deste Natal. Cada uma dessas áreas reflete não apenas produtos, mas a experiência e o sentimento que os consumidores buscam neste fim de ano”.
Além disso, o professor afirma que a decoração natalina também deve ter papel de destaque, com a procura por árvores de Natal, luzes, laços, bichos de pelúcia e objetos que remetam à celebração.
Por fim, a atenção do consumidor se volta também para serviços e experiências de consumo, que incluem facilidades como condições de pagamento, entrega rápida e atendimento personalizado.
Para o professor, o equilíbrio entre preço, qualidade e conveniência se torna decisivo para a decisão de compra. Ele avalia que em um cenário econômico desafiador, com juros e custos elevados, oferecer experiências que simplifiquem o processo de compra e tragam satisfação ao cliente é cada vez mais importante para garantir vendas bem-sucedidas.


