O bicheiro Fernando Iggnácio foi executado a tiros de fuzil no Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro, no dia 10 de novembro de 2020, quando retornava de uma viagem a Angra dos Reis, na Costa Verde. Ele foi surpreendido no estacionamento de um heliponto e levou vários tiros na cabeça.
Iggnácio era ex-genro de um dos mais famosos bicheiros do estado, Castor de Andrade, que morreu em 1997. Ele foi investigado por supostamente estar ligado a homicídios e à máfia dos caça-níqueis no estado.
O bicheiro herdou do ex-sogro as máquinas de caça-níqueis e de videopôquer. Castor de Andrade, que foi presidente do time de futebol e patrono da escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, sofreu infarto fulminante em abril de 1997 e sua herança segue sob disputa intensa entre familiares
Iggnácio também era apontado como um dos principais “clientes” do Escritório do Crime, grupo de matadores que pratica assassinatos sob encomenda no Rio.
Em março de 2021, o Ministério Público do Rio de Janeiro denunciou o bicheiro Rogério Andrade como o mandante do assassinato de Iggnácio, Desde a morte de Castor de Andrade, ambos disputavam o território da máfia do jogo do bicho na zona oeste do Rio. Rogério Andrade é sobrinho de Castor.
Nesta terça-feira (29/10), Rogério Andrade foi preso, após uma nova denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-MPRJ).
De acordo com o órgão, o bicheiro é o responsável pela morte de Fernando Ignnácio. Os mandados de prisão foram expedidos pela 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri. Rogério de Andrade foi preso em casa, em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Outro detido é Gilmar Eneas Lisboa, encontrado em Duque de Caxias.
Rastro de mortes
Em 2010, Diego, de 17 anos, filho de Andrade, morreu em um atentado a bomba no carro do pai a Avenida das Américas, uma das mais movimentadas na Barra da Tijuca, zona oeste.
Iggnácio herdou de Castor de Andrade as máquinas de caça-níqueis e de videopôquer pouco antes de o patriarca morrer. O filho do contraventor, Paulo de Andrade, ficou com os negócios do jogo do bicho – ele morreu assassinado um ano após o pai, em 1998.
O gerente da parcela de Paulinho nas bancas do bicho era o primo Rogério de Andrade, exatamente o suspeito de tê-lo matado.
Quando as apostas de jogo do bicho começaram a não dar o lucro de antes, Andrade invadiu o nicho das máquinas de caça-níqueis, tomando parte dos negócios de Iggnacio.
Desde então, eles vinham disputando territórios na máfia da contravenção da zona oeste da cidade, deixando um rastro de assassinatos de policiais, milicianos e desafetos ao longo das últimas décadas.