A tentativa da oposição de obstruir os trabalhos da Câmara não se mostrou frutífera e votações em plenário foram retomadas na tarde desta terça-feira (25/3). O grupo tentou travar votações em comissões e no plenário, como protesto ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), mas deputados registraram presença e a ordem do dia teve início.
Por volta das 15h30, a sessão da Câmara já tinha 300 deputados presentes. O quórum era maior que os 257 necessários para dar início às votações. Parlamentares mostraram ao Metrópoles que, após a tentativa de obstrução se mostrar falha, lideranças da oposição dispararam mensagens avisando que tinham desistido de travar o plenário.
A estratégia causou desentendimento na Câmara, pois as propostas previstas para esta semana eram vistas como consensuais, de interesse da bancada feminina. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), viajou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão e deixou os deputados sem pautas polêmicas, de interesse restrito à oposição ou ao governo.
Na última semana, a oposição ameaçou obstruir os trabalhos na Câmara, ou seja, entrar numa espécie de “greve” para marcar posição. O grupo cobra uma resposta de Hugo Motta sobre o projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro e na suposta trama golpista. O tema causou confusão no plenário, com a deputada Maria do Rosário (PT-RS) reclamando sobre a possibilidade de trava na votação dos projetos das mulheres.
Nos bastidores, lideranças da oposição afirmaram que uma nova tentativa de obstrução pode ocorrer nesta quarta-feira (25/3), quando o STF deve finalizar o julgamento para decidir se Jair Bolsonaro se tornará ou não réu. A Corte decidirá se aceita denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e mais sete aliados pela suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.