Um jovem casal americano de ilustradores enfrentou diagnósticos consecutivos de câncer com menos de um ano de casados. “Eu e meu marido colocamos esta coisa de ‘na saúde e na doença’ à toda prova”, brinca Jocelyn Carella-Erickson.
Kristofer Carella-Erickson, atualmente com 37 anos, descobriu em fevereiro de 2021 que tinha um linfoma não-Hodgkin. Sua mulher, Jocelyn, hoje com 31 anos, foi diagnosticada em abril de 2022 com um câncer de mama extremamente agressivo. Tudo isso poucos meses depois do casamento, realizado em outubro de 2020.
O câncer de Kristofer
Kristofer descobriu o tumor por acaso. O casal estava fazendo o jantar juntos quando, em um movimento rápido dele, Jocelyn notou uma massa redonda próxima de sua mandíbula. “Era do tamanho de uma bola de golfe e como ele usava uma barba muito espessa, nós nunca havíamos notado”, afirmou Jocelyn no TikTok.
Eles foram ao médico no dia seguinte e, após exames de sangue e biópsias, se revelou que ele tinha um linfoma não-Hodgkin. “Nos falaram que a quimioterapia tinha que começar imediatamente”, lembra.
O tumor, que até então não tinha apresentado nenhum sintoma, se tornou repentinamente muito doloroso e o crescimento da massa se acelerou, dobrando de tamanho em poucos meses.
Como o tratamento foi realizado durante a pandemia, Jocelyn foi impedida de acompanhá-lo durante as sessões intensas de quimioterapia, que duravam mais de quatro horas de infusão. “Eu ficava fora do centro esperando ele e tentando animá-lo”.
Em agosto de 2021, após semanas enfrentando os efeitos colaterais da quimio, como enjoo e queda de cabelo, Kristofer entrou em remissão (quando já não há sinais de câncer no organismo).
O câncer de Jocelyn
Em fevereiro de 2022, porém, Jocelyn sentiu um estalo na clavícula ao brincar com o seu gato. Dias depois, um caroço apareceu. “Pensei: ‘Estou tão fora de forma que quebrei o osso com esse pesinho?’”, brincou.
A ferida, porém, foi piorando ao longo da semana e se tornou cada vez mais dolorosa. Ela foi ao médico e, ao perceber a preocupação da enfermeira, até chegou a brincar com ela: “Não é nada grave como um câncer como meu marido”, disse.
Os exames fizeram Jocelyn notar que havia um inchaço em suas axilas e a enfermeira a mandou para o oncologista. O resultado dos exames veio naquela mesma semana: um câncer de mama agressivo, estágio 3, com metástase nos linfonodos.
Uma jornada contra as complicações
“Chorei por horas no estacionamento. Um ano após o diagnóstico dele, agora era minha vez. Nunca imaginei que poderia ter câncer de mama tão jovem.” Enquanto Kristofer assumia o papel de cuidador, Jocelyn enfrentou quimioterapia, cirurgias e reações severas. “Eu enfrentei todos os efeitos colaterais da quimio, exceto o vômito. Tive febres tão fortes e perdi todas as células do meu sistema imune devido ao tratamento”, afirma.
O câncer dela cresceu rapidamente e o tratamento tinha de ser intenso, mesmo com Jocelyn enfrentando sensações de queimação, coceira e muita dor. “Tinha que fazer a quimiterapia coberta de bolsas de gelo”. Foram 15 rodadas dessa quimioterapia intensa até ela fazer a mastectomia.
A cirurgia para retirar a mama também retirou os linfonodos de Jocelyn. O tratamento parecia bem até que, em janeiro de 2023, ela sofreu uma queda de uma pequena escada, o que fraturou seu quadril. Os meses de fisioterapia não conseguiram ajudá-la.
Os exames mais profundos revelaram que o tratamento com esteroides para o câncer haviam levado a uma necrose dos ossos do quadril e do fêmur. Ela teve que colocar placas de titânio no lugar desses ossos. A substituição foi feita em três cirurgias, que terminaram em janeiro de 2024.
O câncer no cérebro e mais uma etapa de luta
Depois, Jocelyn descobriu que os ossos de seus ombros também haviam necrosado. Meses depois, enquanto planejava-se a cirurgia para substituição, a ilustradora passou a sofrer convulsões e desmaiar de dor.
Os médicos descobriram que as convulsões destruíram os ossos doentes do braço de Jocelyn e que eram produto de um câncer de 1,8 centímetro de diâmetro encontrado no cérebro dela.
Três dias depois do diagnóstico, ela estava em uma mesa de cirurgia fazendo uma operação no cérebro. A jovem teve de fazer mais uma série de radioterapias para combater o novo tumor e passar por outros procedimentos de substituição dos ossos. Desde então, a doença parece estar em controle.
Agora, monitorada de perto, ela encara incertezas. “Não é sentença de morte, mas é prisão perpétua sem liberdade condicional”, define Jocelyn em tom de piada.
Em um TikTok de 31 slides com o fantoche Pepé, o Camarão Rei, o casal resumiu sua jornada. O vídeo, com 6,7 milhões de views, gerou comoção e identificação. “Não evitem médicos. Lutem por si mesmos.” Sua história, entre quimio, desenhos e o bom humor, prova que, mesmo na dor, há espaço para viver.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e no Canal do Whatsapp e fique por dentro de tudo sobre o assunto!