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Instabilidade emocional aumenta o risco de obesidade, diz estudo

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O mundo vive uma epidemia de obesidade e a previsão é que os casos continuem crescendo nos próximos anos. Especialistas alertam, porém, que podemos estar olhando o fenômeno de forma limitada: a obesidade não é só uma questão genética ou relativa a quanto se come. Ela também deveria ser observada do ponto de vista emocional.

Em uma revisão de estudos publicada no International Journal of Obesity no dia 9 de abril, os pesquisadores da Universidade de Loughborough, no Reino Unido, argumentam que agir em momentos de instabilidade no estilo de vida pode ser o fator-chave que está ausente dos debates sobre o aumento persistente da obesidade global.

O estudo inglês indica que a maioria das pessoas que sofrem com a obesidade não tiveram um acúmulo sutil e constante de peso ao longo do tempo, como se pensava. Em vez disso, eventos de vida específicos que alteram suas rotinas e seus estados emocionais parecem ter provocado a maioria dos desequilíbrios energéticos pontuais, mas significativos, que levaram ao ganho de peso.

No artigo, os médicos destacam que períodos de instabilidade — como festas, mudanças de emprego, doenças na família ou término de relacionamentos — causam aumentos repentinos na ingestão de energia e que a recuperação posterior, se é que existe, nem sempre compensa o ganho, favorecendo o acúmulo de gordura.

“De forma tangível, isso requer que os indivíduos tenham maior consciência e compreensão sobre quando estão em alto risco de ganhar gordura corporal”, aponta o texto.

Impacto das transições na rotina diária

A massa corporal varia bastante ao longo do tempo, especialmente em momentos muito felizes, como períodos comemorativos, ou muito tristes, de luto, por exemplo. Dados de dispositivos inteligentes reunidos pela pesquisa revelam oscilações expressivas no peso, associadas a comportamentos alimentares e de atividade física alterados.

No Reino Unido, por exemplo, a ingestão calórica de ciclistas profissionais durante o Natal pode chegar a 6 mil kcal por dia, enquanto a atividade física diminui. Esse excesso, concentrado em poucos dias, pode ser suficiente para elevar a massa corporal de forma definitiva.

Outro fenômeno apontado na pesquisa é o Freshman 15: identificado em uma pesquisa anterior, ele descreve o ganho médio de três a quatro quilos em jovens que ingressam no ensino superior. O novo ambiente, as demandas acadêmicas e a autonomia recém-conquistada alteram profundamente os hábitos diários.

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Sintomas da obesidade clínica que vão além do IMC

Além das doenças, portadores de obesidade precisam lidar com estigmas sociais associados à doença, que envolvem preconceito, estereótipos desrespeitosos, falta de entendimento, levando os pacientes a condições de baixa autoestima, vergonha e culpa pela condição de saúde e pelo peso
A causa fundamental da obesidade e do sobrepeso é o desequilíbrio energético entre a quantidade de calorias ingeridas e a quantidade de calorias utilizadas pelo indivíduo para realização de suas atividades diárias. O excesso de calorias não consumidas acumula-se em forma de gordura corporal
Segundo um levantamentos da OMS, as taxas de obesidade em adultos praticamente triplicaram desde 1975 e se elevaram em cinco vezes em crianças e adolescentes. No Brasil, segundo o IBGE, a condição deve atingir quase 30% da população adulta do país em 2030
Esta condição médica refere-se ao aumento da gordura corporal e que provoca uma série de doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas de coração, dislipidemia (colesterol alto), esteatose (gordura no fígado) e outras comorbidades causadas pelo excesso de peso
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Obesidade, mais do que o acúmulo de peso, é uma doença que afeta o corpo de forma sistêmica

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Sintomas da obesidade clínica que vão além do IMC

Reprodução/tHE lANCET

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Além das doenças, portadores de obesidade precisam lidar com estigmas sociais associados à doença, que envolvem preconceito, estereótipos desrespeitosos, falta de entendimento, levando os pacientes a condições de baixa autoestima, vergonha e culpa pela condição de saúde e pelo peso

Jose Luis Pelaez Inc/ Getty Images

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A causa fundamental da obesidade e do sobrepeso é o desequilíbrio energético entre a quantidade de calorias ingeridas e a quantidade de calorias utilizadas pelo indivíduo para realização de suas atividades diárias. O excesso de calorias não consumidas acumula-se em forma de gordura corporal

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Segundo um levantamentos da OMS, as taxas de obesidade em adultos praticamente triplicaram desde 1975 e se elevaram em cinco vezes em crianças e adolescentes. No Brasil, segundo o IBGE, a condição deve atingir quase 30% da população adulta do país em 2030

Peter Dazeley/ Getty Images

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Esta condição médica refere-se ao aumento da gordura corporal e que provoca uma série de doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão, problemas de coração, dislipidemia (colesterol alto), esteatose (gordura no fígado) e outras comorbidades causadas pelo excesso de peso

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De acordo com especialistas, apesar de a obesidade ser uma doença crônica multifatorial e, como todas elas, não ter cura, ela tem tratamento e controle

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Consumir alimentos saudáveis e praticar atividades físicas que favoreçam o ganho de massa muscular é uma forma de combater a condição

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Acima de tudo, é necessário ter força de vontade e constância. Para entender como controlar a obesidade é fundamental valorizar cada conquista alcançada

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Mudanças na vida e obesidade

O cirurgião bariátrico Antônio Carlos Valezi, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), que não fez parte do estudo, ressalta que há uma conexão muito mais profunda entre a obesidade e o cérebro do que se costuma pensar.

“O tecido adiposo conversa com o cérebro mais frequentemente do que se imagina. Ele é responsável por regular a saciedade e o metabolismo em conjunto. Essa comunicação depende da troca de hormônios e proteínas que estão diretamente ligados ao estado emocional”, explica Valezi.

Dados como estes fazem os pesquisadores ingleses destacar também a maior frequência de depressão na população obesa (cerca de 30% maior que na população global) como uma evidência a mais destas relações emocionais que dificultam o controle do balanço energético.

Outros momentos marcantes — como entrada na universidade, lesões ou nascimento de filhos — também são apontados como gatilhos. A tendência é que esses episódios se acumulem ao longo da vida. A cada novo ciclo de desequilíbrio, parte do ganho de gordura permanece, levando a um aumento progressivo e silencioso.

Prevenção personalizada

Pensando nesta dinâmica real de flutuação do ganho de gordura, pesquisadores sugerem que a prevenção deve focar nas fases de maior vulnerabilidade. Profissionais de saúde deveriam oferecer suporte individualizado durante eventos disruptivos para observar descuidos com a saúde.

O suporte psicológico para pessoas que enfrentam a obesidade, portanto, é uma parte vital do tratamento, oferecendo uma abordagem integral para lidar com essas condições interligadas.

As estratégias eficazes precisariam identificar e atuar em momentos críticos da vida, de forma semelhante ao que é feito no tratamento da depressão e de outros transtornos mentais, para interromper os picos de ganho de gordura corporal.

A adoção de técnicas de controle do estresse como meditação, ioga e tai chi pode contribuir no tratamento da obesidade, assim como a terapia psicológica, orientam.

Ao incorporar a instabilidade emocional e comportamental como fator de risco, o novo modelo amplia a compreensão da obesidade. Com ele, abrem-se novas possibilidades para prevenção mais eficaz e estratégias adaptadas à realidade dos indivíduos.

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