A um ano das eleições de 2026, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado esforços para ampliar sua base de apoio entre os eleitores de renda média, um grupo considerado estratégico nas urnas. A estratégia combina medidas de estímulo econômico, crédito facilitado e programas sociais adaptados.
No foco das ações estão iniciativas como a criação do Crédito do Trabalhador, a ampliação do Minha Casa, Minha Vida para famílias de renda média, o programa Carro Sustentável e a proposta de aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda. O governo também lançou novas linhas de crédito imobiliário e o programa Reforma Casa Brasil, que oferece financiamento para melhorias e ampliações de imóveis, buscando aliviar o custo de vida e facilitar o acesso ao crédito para a classe média.
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Lula e a classe média
- Ao assumir o mandato, Lula relançou programas sociais que foram marcas de gestões anteriores: Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, por exemplo.
- Pesquisa Atlas/Bloomberg, divulgada nessa sexta-feira (24/10), aponta que é mínima a diferença na avaliação do petista entre pessoas com renda familiar entre R$ 3 mil e R$ 5 mil — 49,2% aprovam contra 48,7% que desaprovam. Já entre brasileiros que recebem entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, a vantagem de Lula é maior: 57,2% de avaliação positiva ante 42,6% de negativa.
- Para conquistar a classe média, o governo lançou uma série de medidas que são voltadas para aliviar o custo de vida e ampliar o acesso ao crédito da classe média.
Conheça as medidas de Lula em benefício da classe média:
Crédito do Trabalhador – R$ 80 bilhões:
Criado por meio de Medida Provisória (MP) em março, o Crédito do Trabalhador é destinado a profissionais do setor privado com registro em carteira de trabalho. Apesar de não ser direcionada especificamente a classe média, a medida também beneficia esses trabalhadores.
Segundo o governo, os profissionais podem usar como garantia até 10% do saldo no Fundo de Garantia do Trabalhador Social (FGTS) e 100% da multa rescisória em caso de demissão. O crédito consignado ao trabalhador tem taxa de 3,56% ao mês, bem abaixo do praticado no mercado financeiro.
Segundo dados obtidos pelo Metrópoles, até o momento, já foram contratados R$ 80 bilhões com o programa, com um valor médio de R$ 6.830,29 por contrato.
Ampliação do Minha Casa, Minha Vida (MCMV) – R$ 30 bilhões
Em abril, Lula aprovou a criação de uma nova faixa para o MCMV, com o objetivo de abarcar a classe média. A modalidade é voltada para famílias com renda bruta de até R$ 12 mil mensais, que não se enquadram nas faixas de habitação popular. O programa permitirá o financiamento de imóveis novos ou usados com valor de até R$ 500 mil, com taxa de juros nominal de 10% ao ano.
Quando foi lançado, a expectativa era beneficiar cerca de 120 mil famílias ainda em 2025. Para financiar a medida, foram disponibilizados R$ 30 bilhões, sendo R$ 15 bilhões provenientes do FGTS e R$ 15 bilhões de fontes como o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e a Letra de Crédito Imobiliário (LCI).
Carro Sustentável
Outra medida vista como um aceno à classe média é o programa Carro Sustentável, lançado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, de Geraldo Alckmin, em agosto de 2025. O projeto reduz as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos mais econômicos, fabricados no Brasil, movidos a energia limpa e que preencham uma série de requisitos de segurança e reciclabilidade.
Na prática, a redução resulta no barateamento de alguns modelos de entrada. Montadoras como General Motors, Renault, Volkswagem, Hyundai e Stellants credenciaram veículos para compor o programa. Em alguns casos, a redução chega a R$ 13 mil.
Isenção do Imposto de Renda
Principal promessa de campanha de Lula, a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) vem avançando no Congresso Nacional. O projeto desobriga o pagamento do IR para quem ganha até R$ 5 mil mensais e reduz parcialmente a alíquota para salários de até R$ 7.350. Atualmente, a isenção abrange rendas até R$ 3.060 mensais.
O governo espera que o projeto seja aprovado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e no plenário do Senado ainda em outubro. A proposta precisa ser sancionada até o fim de dezembro para entrar em vigor em 2026.
Em contrapartida à ampliação da isenção, a medida aumenta a tributação sobre o chamados super-ricos, que recebem acima de R$ 600 mil ao ano. Portanto, o Executivo argumenta que a mudança é neutra do ponto de vista fiscal.
Nova linha de crédito destinada à classe média – R$ 110 bilhões
Um dos mais recentes acenos do governo a classe média, anunciado no começo do mês, foi a criação de uma linha de crédito imobiliário para famílias com renda acima de R$ 12 mil. A nova linha faz parte do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e tem juros de até 12% ao ano, abaixo da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano.
De acordo com o Palácio do Planalto, a expectativa é que sejam financiados cerca de 80 mil novos imóveis e que o crédito deve alcançar R$ 111 bilhões no primeiro ano, sendo que R$ 52,4 bilhões devem ser liberados imediatamente.
Reforma Casa Brasil – R$ 40 bilhões
Lançado na última segunda-feira (20/10), o programa Reforma Casa Brasil concede crédito para melhorias e ampliação de imóveis pelo país. A iniciativa prevê R$ 40 bilhões para o financiamento das pequenas obras.
Os recursos são distribuídos entre R$ 30 bilhões do Fundo Social, para famílias com renda de até R$ 9,6 mil, e R$ 10 bilhões do SBPE para rendimentos superiores.
As contratações poderão ser feitas a partir de 3 de novembro. O valor mínimo do financiamento é de R$ 5 mil, e pode chegar a até 50% do valor de avaliação do imóvel.
A taxa de juros varia entre 1,17% a 1,95% ao mês, a depender da faixa de renda. Veja a divisão:
- Renda até R$ 3,2 mil: juros de 1,17% e financiamento em até 60 meses.
- Renda de R$ 3,2 mil a R$ 9,6 mil: juros de 1,95% e financiamento em até 60 meses.
- Renda acima de R$ 9,6 mil: faixa flutuante, definida a partir da análise de crédito, não podendo ultrapassar o teto de 1,95%.
Inicialmente, a expectativa do governo é alcançar 1,5 milhão de contratações.
Classificação de renda
Embora o IBGE utilize diversos critérios para avaliação das classes sociais no Brasil, como qualidade de vida, poder de compra, nível de educação, entre outros. A tabela utilizada com mais frequência para diferenciar as classes sociais no Brasil é a seguinte:
- Classe A: Acima de R$ 24.800
- Classe B: R$ 8.000 a R$ 24.800
- Classe C: R$ 3.300 a R$ 8.000
- Classe D/E: Até R$ 3.300


