O policial federal Wladimir Matos Soares, preso em novembro de 2024, pela suspeita de ter contribuído com trama golpista que envolvia o assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou sua defesa ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele foi acusado pelo Procuradoria Geral da República (PGR) de repassar informações sobre a segurança do então presidente eleito para aliados na suposta trama.
Ele foi denunciado pela PGR por integrar “de maneira livre, consciente e voluntária”, uma organização criminosa constituída desde pelo menos o dia 29 de junho de 2021 e operando até o dia 8 de janeiro de 2023, com o emprego de armas. “Essa organização usou violência e grave ameaça com o objetivo de impedir o regular funcionamento dos Poderes da República e depor um governo legitimamente eleito”, diz a denúncia.
Entenda o que ocorreu:
- Em novembro de 2024, Moraes tirou sigilo do relatório da PF que pedia indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Todo o material foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que denunciou 34.
- No documento, a PF mostrou que um de seus agentes, Wladimir Matos Soares, foi preso diante da acusação de se infiltrar na segurança do presidente Lula a fim de repassar informações sensíveis a um grupo golpista.
- Wladimir, como aponta relatório da PF, encaminhou mensagens para Sérgio Rocha Cordeiro, “pessoa com vínculo imediato com pessoas relevantes em torno dos fatos apurados” e assessor da Presidência da República durante o governo de Jair Bolsonaro.
- Entre os detalhes repassados estaria a presença de policiais de força tática na equipe de segurança.
- O policial federal ainda teria se colocado à disposição para atuar no golpe de Estado. “Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto p ir ajudar a defender o Palácio e o presidente. Basta a canetada sair !”, disse a Sérgio (sic).
A investigação indicou que o agente teria se infiltrado na segurança de Lula e atuado como “elemento auxiliar do núcleo vinculado à tentativa de golpe de Estado”. Ao STF, no entanto, o policial nega que tenha se infiltrado. Diz que foi “escalado”, dentro de suas funções para o trabalho junto a Lula.
“A narrativa de que ele teria se infiltrado na segurança é totalmente desprovida de verdade. A verdade é que a Polícia Federal escalou o policial e adiou o início de suas férias para ele ajudar na coordenação da segurança fixa dos hotéis no evento da posse”, diz a defesa de Wladimir.
“Outro aspecto crucial que de imediato refuta a narrativa de um infiltrado que estaria supostamente passando informações a uma suposta organização criminosa, é o fato de o acusado ter entrado em contato com um militar do Exército que à época era seu contato imediato no GSI. O servidor de carreira escalado na missão fez contato com um servidor de carreira lotado no GSI para pedir informações urgentes e não repassar informações”, alegam os advogados.
O plano “Punhal Verde e Amarelo”, interceptado pelos investigadores da PF, tinha no planejamento a morte do então presidente leito Luiz Inácio Lula da Silva por envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico.
A Operação Contragolpe, deflagrada pela Polícia Federal em 19 de novembro, foi autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.